quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Instante e revelação





















"Imaginar, compor e criar são verbos contíguos. Devo à fotografia uma das minhas primeiras experiências artísticas. Isso aconteceu na minha adolescência e a experiência ficou associada ao descobrimento que fiz da poesia moderna. Uma tarde, folheando a revista Contemporâneos (fevereiro de 1931), achei umas reproduções de três fotos de Manuel Alvarez Bravo. Senti uma turbação esquisita e logo após essa alegria que acompanha a compreensão, por mais incompleta que seja ela. Ao mesmo tempo aquelas fotos eram enigmas em preto e branco, caladas mais eloqüentes; sem dizer nada aludiam a outras realidades e sem mostrá-las, evocavam ainda outras imagens. A fotografia é uma arte poética pois ao mostrar-nos isto, alude ou apresenta aquilo. Comunicação contínua entre o explícito e o implícito, o já visto e o não visto. O domínio próprio da fotografia, como arte, não é diferente do da poesia; o impalpável e o imaginário. Mas... revelado e, por assim dizer, filtrado pelo visto."
© Octavio Paz (Instante y Revelación, 1982)
Foto: © Manuel Alvarez Bravo

6 comentários:

Anônimo disse...

Estou vivendo um filme de suspense com final incerto, mas seguramente trágico. Ninguém escapa do destino. E por não poder mais me expor cancelei o blog. Mas de vez em quando venho olhar suas fotos e ler os textos.

Beijo

Meg Rodrigues disse...

Oi Luis,

Não sei quantas vezes acessei os registros até acreditar. Foi uma triste surpresa. Ficam as memórias.
Estou torcendo por você, vai dar tudo certo.

Beijos

José Boldt disse...

Meu caro Amigo Meg.

Muito obrigado pela sua opinião sobre a “moldura” sobre as fotos,
não só o blog ficou mais leve
em termos visuais
como a fotografia ficou com mais espaço.

Muito obrigado pela ajuda

Aquele abraço
josé boldt


Este texto do Octávio Paz
é simplesmente fantástico
É mesmo assim meu amigo, é mesmo assim.

Meg Rodrigues disse...

Oi José Boldt,

A fotografia tem tudo a ver com poesia. São imagens que alimentam imagens, assim como as palavras.

Concordo com você, sem o fio de moldura é possível admirar a imagem construída. É diferente de um quadro, sabemos que existe um fora de campo, mas ali está o seu olhar.

Obrigada pela visita. Só mais uma coisa: eu sou uma menina!
Um grande abraço

José Boldt disse...

Minha cara, Menina

As minhas desculpas pela troca de sexo, penso mesmo que esta não foi a primeira vez, enfim, um completo erro de "enquadramento" como em fotografia, o que ás vezes parece, não é.

Uma optima semana para a Menina Meg
jb

Meg Rodrigues disse...

José Boldt,

Você está desculpado. Assim como na fotografia, o que é "enquadrado" acaba por revelar-se.

Obrigada,
Tenha um bom domingo!