"A organização simbólica da paisagem pode ajudar a diminuir o medo e a estabelecer uma relação segura entre o homem e seu ambiente total. Uma citação sobre o povo luritcha, da Austrália Central, ilustra bem esse ponto: "Para uma criança luritcha nascida à sombra de enormes e estranhas rochas, grandes o suficiente para encher de espanto o homem branco, cujos olhos já viram muitas maravilhas, as lendas que as identificam com a história de seu povo devem parecer uma fonte de grande satisfação. Se essas rochas imensas se erguem apenas para assinalar as perambulações dos espíritos ancestrais do povo, estabelecem uma relação familiar entre estes últimos e as crianças da tribo. As lendas e os mitos são mais que histórias contadas para passar as horas de escuridão: são parte dos meios pelos quais o selvagem se fortalece contra o medo do espanto e do desconhecido. Naturalmente atormentada como é a mente do homem primitivo pelos medos que decorrem da solidão, não admira que ele se apegue fortemente à ideia de que essa Natureza vasta e indiferente - quando não inimiga - comemore, em muitas de suas mais extraordinárias características, a história de sua tribo e esteja sob seu controle pela prática da magia." Kevin Lynch (A imagem da cidade, tradução Jerfferson Luiz Camargo, Ed. Martins Fontes, 1999).
Em fotografia encontramos uma agradável sensação de familiaridade ou integridade sempre que reconhecemos uma paisagem.
Foto: © Raymond Depardon
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