terça-feira, 26 de maio de 2009

Davidson e Singer



O fotógrafo Bruce Davidson, membro da agência Magnum Photos e o escritor Isaac Bashevis Singer viviam no mesmo edifício em Manhattan. No final dos anos 1950, Davidson começou a fotografar o bairro de Lower East Side, concentrando-se sobre a lendária Garden Cafeteria, que na década de 1920 e 30 era o ponto de encontro para escritores e intelectuais judeus. Davidson conheceu Singer em 1967, ao fazer uma foto do escritor para a revista Life. A amizade entre os dois rendeu muitas fotografias, um filme (Singer's Nightmare e Sra. Pupko's Beard) e ajudou Davidson manter a sua fé. Para Singer, a tradição judaica e o idioma iídiche mereciam de sua parte um elogio apaixonado, até mesmo quando ironizava: "Ontem eu era um escritor iídiche, hoje sou um Prêmio Nobel (1978), amanhã serei um escritor iídiche". Ao sair de férias, Singer costumava pedir ao amigo para que cuidasse de seu pássaro, Davidson o deixava solto no quarto de despensa. Para o escritor Moacyr Scliar o realismo fantástico de Singer é um pouco também o de García Márquez, como, por exemplo, a história do anjo que pousa numa aldeia da Colômbia e os pescadores o trancam no galinheiro. Isaac Bashevis Singer tem um conto em que ele tenta prender um demônio numa gaiola mas não consegue. "Aparentemente isso é mais fácil na América Latina que nos Estados Unidos", concluiu Scliar.
Fotos: © Bruce Davidson (Magnum Photos) (Isaac Bashevis Singer, NYC, 1975)

Um comentário:

Fred Jordão disse...

Muito boa a história! E as fotos do Bruce tbm. Estou sempre dando uma olhada no que você escreve, e sempre gosto muito.
abs, Fred.