Durante o século XIX, com a difusão da locomotiva, a complexidade da relação do homem com a máquina altera radicalmente o panorama visual da sociedade. "A linguagem literária, e até a cotidiana, aparecem saturadas de metáforas mecânicas de todos os tipos. Era frequente escritores e artistas assumirem uma posição crítica, por vezes até de nítida rejeição, relativamente à máquina." (Tomás Maldonado, Design Industrial, 1991). Um dos primeiros poetas a olhar para a locomotiva com olhos diferentes é Walt Whitman (1819-1892). "Whitman celebra uma reavaliação democrática da beleza e da feiúra, da importância e da trivialidade", que aos olhos dos românticos, aparece ameaçada por esse engenho - a locomotiva- frequentemente definido como maléfico. Vale lembrar da famosa história, ou lenda, de reação dos espectadores fugindo em pânico, diante dos efeitos de realidade ao longo das projeções de A chegada de um trem à estação, dos irmãos Lumière, em 1896. Nas décadas seguintes, o tema da locomotiva será retomado, desta vez, o que se exalta não é só o objeto, mas também os homens que o constroem. Seguindo mais ou menos as pegadas de Whitman, os futuristas amavam as máquinas por si mesmas, ou apenas como símbolo. "Longe de terem sido desmistificadas pela realidade, as artes americanas - em especial, a fotografia - aspiravam, agora, a levar a efeito a desmistificação." (Susan Sontag, Sobre Fotografia, 1977).
Foto: © George Collins Cox (Walt Whitman, c. 1887)
2 comentários:
Que bom associar Whitman a fotografia, sempre que penso em paisagens me lembro das folhas das relvas. Poesia e fotos são sinonimos.
Web, mundo cruel, Fred.
Walt Whitman, "quem diria, foi parar em Madureira", como isca imortal para a venda de ferramentas elétricas, mais precisamente de furadeiras e marteletes de alto impacto.
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