Em Revendo Brasília, exposição de arte contemporânea, Mario Cravo Neto optou por abordar a cidade não por sua emblemática arquitetura, desenvolveu sua fotografia sobre a paisagem humana que a percorre. "Talvez isso reflita uma espécie de saturação e esteriotipação da imagem de Brasília criada pela mídia nas últimas décadas: a límpida arquitetura como cenário para o autoritarismo das classes dominantes brasileiras, que conseguiram esvaziar o caráter revolucionário de sua estética. Mario Cravo Neto configura seus personagens com a luz. Depois de escolher modelos entre transeuntes anônimos e levá-los ao estúdio, os revela. A eles e suas histórias. Estiveram todo o tempo diante de todos os olhos e câmeras e nós jamais os vimos. É como se Mario Cravo andasse num mundo totalmente escuro com uma lanterna que pudesse focar apenas um objeto de cada vez e ele, o objeto, se tornasse sob essa luz ponto de convergência de todas as histórias, de todos os personagens. A luz é trabalhada como um instrumento que delineia, esculpe, revela, corporifica os habitantes anônimos de Brasília, vindos de regiões diferentes, mundos distintos. A luz é seu ponto de convergência." Evandro Salles (Projeto do Instituto Goethe de Brasília e da Fundação Athos Bulcão, com colaboração do Ministério das Relações Exteriores, Bonn, e da Embaixada da República Federal da Alemanha em Brasília, 1994).
Foto: © Mario Cravo Neto
Um comentário:
Aquele olhar diz muita coisa! Perfeito!
Postar um comentário