domingo, 8 de novembro de 2009

Claude Lévi-Strauss


Em 1935, Claude Lévi-Strauss mudou-se para São Paulo, onde ocupou uma cadeira de sociologia na então recém-inaugurada Universidade de São Paulo. Ali descobriu sua vocação de etnólogo, e organizou diversas expedições científicas ao Mato Grosso e à Amazônia. Fiel apenas à própria narrativa, e, por meio dessa experiência, constituiu a antropologia estrutural. Lévi-Strauss escreveu que não se considerava fotógrafo, mesmo amador, e logo em seguida afirma: "ou melhor, só o fui no Brasil: depois o gosto passou”. Ao longo de suas viagens, que abrange o período de 1935 a 1939 (com duas Leicas e uma reflex Voigtlander), produziu um acervo de 3 mil negativos. Registros daquilo que despertava o interesse de seus olhos, o relato sensível de seus habitantes de há mais de meio século, os Nambiquara, Bororo, Tupi-Cavaíba e Cadiueu. Imagens de um mundo aparentemente eternizado, mas que logo se transformaria a ponto de tornar-se irreconhecível para o filósofo: porque tudo isso, revisto no local, sob muitos aspectos, simplesmente não existe mais. (Claude Lévi-Strauss, Saudades do Brasil, Tradução Paulo Neves, © Companhia das Letras, 1994).
Fotos: © Claude Lévi-Strauss (1908-2009) (índios Nambiquara, 1935-1939/ "Mulheres muito jovens, alegres na maioria das vezes... brincalhonas, provocantes.. / Broches nasais emplumados, barras nasais e lambrete de lábio superior em fibra de bambu são o objeto de variações cotidianas, note-se o cigarro de tabaco, enrolado em folha seca, preso na braçadeira").

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