quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

João Urban

João Urban fotografa desde 1969, dedicando-se à fotografia publicitária e em especial ao trabalho documental. Em seus ensaios, Urban descobre tanto poesia como consistência histórica no lugar comum e no cotidiano. Em o “caminho das tropas”, projeto iniciado no final dos anos 80, o registro dos tropeiros, grupo formado por capatazes, comitiveiros, madrinheiros, contramadrinheiros e peões arribadores. Durante duzentos anos, as comitivas desses trabalhadores seguiam em tropas com centenas de animais que eram comercializados para todo tipo de transporte. As viagens duravam mais de dois meses, partindo de Viamão, no Rio Grande do Sul, até Sorocaba, no interior de São Paulo. Ao longo desse percurso foram surgindo fazendas e pequenos comércios que aos poucos foram se tornando vilas e cidades.
Retratos de pessoas simples que ajudaram a construir este país, documentadas por Urban numa relação de cumplicidade: “Eu só faço fotografias consentidas, em que estabeleço um envolvimento epidérmico com o personagem. Existe uma troca entre quem fotografa e quem é fotografado”. Pelo olhar particular de João Urban, a postura e a expressão – concentrada e orgulhosa, de seu Agnelo Brandes – , a memória de um dos últimos tropeiros. Como sugere Giovanni Morelli, crítico e estudioso em história da arte: “Se você quiser entender... história...você deve observar cuidadosamente os retratos. Nas fisionomias das pessoas sempre existe alguma coisa sobre a história de suas épocas para ser lida, se soubermos como lê-las.”

Entre seus livros publicados, destacam-se: Bóias frias, (Tagelöhner im Süden Brasiliens, 1984, na Alemanha e 1988 no Brasil), Tropeiros (1992), Aparecidas (2002), Tu i Tam – Memória da imigração polonesa (2004) e Mar e mata – a serra, a floresta e a baía (2009).
Fotos: Cortesia de © João Urban (Agnelo Brandes, peão e capataz de tropas, Castro, PR, 1987 e paisagens dos Campos Gerais, próxima a Vila Velha, Ponta Grossa, PR, 1989)

3 comentários:

A Respigadeira disse...

"Existe uma troca entre quem fotografa e quem é fotografado”. Talvez seja a extensão do próprio fotógrafo. Já Dorothea Lange afirmava que em cada retrato de outra pessoa é um auto-retrato.

r

Meg Rodrigues disse...

"...assim como para Minor White - ao promover 'a autodescoberta por meio da câmera' - as fotos de paisagem são, na verdade, 'paisagens interiores'."

Meg Rodrigues disse...

Fotos gentilmente cedidas. Todos os direitos reservados a Joao Urban.