terça-feira, 19 de outubro de 2010

Marco Nedeff


Formado em publicidade e propaganda pela PUC/RS, Marco Nedeff atua como fotógrafo profissional desde 1987, desenvolvendo trabalho documental, publicitário e artístico. Recentemente, foi convidado pela embaixada da Costa Rica para fotografar Brasília e participar de exposição em San Jose, dentro das comemorações dos 50 anos de Brasília. Em seu ensaio, "Ainda cabe minha aldeia no mundo?", a primeira razão desse trabalho foi certamente a saudade: "Um dia peguei minha Canon EOS D20 e resolvi (re) visitar meu passado afetivo e tentar transformar em imagens as lembranças de toda uma vida. Como ainda morava em Nova Prata sabia perfeitamente onde encontrar as pessoas que me eram gratas e as quais eu gostaria de retratar; a diretora querida dos meus primeiros anos de escola, o padre que me deu extrema-unção um dia, a prostituta, que eu menino curioso um dia vi fazer amor no banco de um ônibus abandonado em um matinho em frente a minha casa.O açougueiro simpático e galante. Seu Galante.O engenheiro amigo de nossa família com sua voz alta de quem escuta pouco. Nagib. A dona da pequena butique onde eu errava sempre a quantidade de botões que minha mãe queria que eu comprasse para as camisas que fazia. E assim por diante, sempre pessoas que cruzaram meu caminho e fizeram parte de meus dias de menino e adolescente. Eu batia em suas portas e dizia simplesmente: quero fazer um retrato seu , não sei bem pra que, mas talvez faça uma exposição e se der farei um livro. Como sou bem conhecido na cidade não tive problema algum. Eles ficavam super lisonjeados e abriram seus corações para os retratos. Não deixava também eles pensarem muito e nem se "arrumarem", fotografava com a roupa que eles estavam vestindo e as mulheres deixava quando muito se pentear, e as mais vaidosas que usassem um batom. Não agendava fotos, tinha que ser na hora". Nesse ensaio existe a saudade, mas também um retrato da vida real - o orgulho e a dignidade de exercer uma profissão, a maioria ainda trabalha e muitos com idade acima dos 80 anos. Nas fotografias, Marco Nedeff nos apresenta aos cidadãos de Nova Prata, uma delicada homenagem a Orlandos, Evas, Hermínios - o instante preciso e transitório de cada um deles em seu ofício: "Foi um trabalho feito com a alma. Só sei fazer assim". Fotos: © Marco Nedeff (o barbeiro Agenor e a professora Enóe, Nova Prata, RS, entre 2007 e 2008). Links: (Editora Libretos: livro Rua da Praia / Fotos exposição Caixa Cultural). Fotografias gentilmente cedidas. Todos os direitos reservados a Marco Nedeff.



2 comentários:

Anônimo disse...

Me emocionei ao ver o retrato da minha querida tia Enóe na penteadeira que foi da vó Augusta, onde aprendi a escovar os cabelos, a brincar com grampos e a mexer nas suas pinturas. Parabéns pelo trabalho. É uma lembrança de todos nós. abraço, Jórgia Carbonera de Oliveira

Meg Rodrigues disse...

Olá, Jórgia

Seu comentário nos envolve numa breve história, permitindo enxergar uma riqueza de relações.
Muito obrigada.