Para o arquiteto mexicano Luis Barragán (1902-1988), publicações dedicadas à arquitetura tinham banido de suas páginas as palavras beleza, encantamento e magia, bem como os conceitos de serenidade, silêncio e intimidade. René Burri fotografou a casa e estúdio de Barragán durante o final da década de 1960, a convite de John Anstey, editor do jornal britânico Daily Telegraph. O projeto, documentar casas de arquitetura moderna em todo o mundo. Uma lista grandiosa, sem dúvida, e a primeira ação de Burri foi registrar: “Deixe-me confessar, não sou um fotógrafo de arquitetura, embora, nas últimas quatro décadas, tenha fotografado muitos arquitetos e seus edifícios”, se referindo a alguns dos mais proeminentes arquitetos: Le Corbusier e Oscar Niemeyer. A casa de Luis Barragán, erguida em 1947, em torno de um pátio fechado em Tacubaya, e ligada à terra por fontes e blocos de pedra, impressionou o fotógrafo. Burri fez várias viagens para o México nos anos de 1970 para visitar o arquiteto e fotografar seus trabalhos, ocasião em que aproveitava para conhecer vilarejos e fotografar também monumentos históricos, festas de casamento e a celebração de origem indígena do “Dia dos Mortos”. Um dia o fotógrafo recebeu a notícia de que Luis Barragán estava doente. O arquiteto Ricardo Legorreta foi quem o incentivou a visitá-lo imediatamente. Sentado ao lado do amigo, René Burri conta que, em determinado momento seguiu o olhar de Barragán até a parede onde havia uma fotografia que Burri tinha lhe enviado muitos anos antes: “Olhamos um para o outro, e essa foi a última vez que nos encontramos”. O livro “Luis Barragán René Burri” (Phaidon, 2000) é uma homenagem do fotógrafo ao arquiteto, em uma edição despretensiosa e bela.
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Fotos: © René Burri / MagnumPhotos ( Casa estúdio Barragán, Tacubaya, México, 1969 / "Dia dos Mortos", Metepec, México, 1969)
Link: (http://www.barragan-foundation.org/)
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