quinta-feira, 28 de abril de 2011
Ludwig Wittgenstein: Investigações filosóficas
Até o fim de sua carreira, Ludwig Wittgenstein (1889-1951) insistiu que o mais importante em seu trabalho não eram seus resultados específicos, mas sim seu novo modo de fazer filosofia, um método ou prática que nos capacitaria a caminhar com nossas próprias pernas, ou seja, indicam uma trajetória de pensamento, mas deixam ao leitor a tarefa de desenvolvê-lo. Suas "Investigações filosóficas", escrito à maneira das suras do Alcorão ou dos livros da Bíblia, com divisões em versículos, se desenvolvem em torno de um diálogo entre Wittgenstein e um interlocutor, cujas confusões ele tenta resolver. Essa estrutura de diálogo permite a Wittgenstein explorar os falsos indícios que um determinado tópico apresenta. Normalmente, as intervenções do interlocutor são assinaladas com aspas. Às vezes, entretanto, temos a tarefa de determinar quem está falando (Wittgenstein ou o interlocutor).
90. Talvez tivesse sido melhor a seguinte expressão: nós consideramos a fotografia, a pintura pendurada na parede como o próprio objeto (homem, paisagem, etc.) que é representado nelas.
91. Não necessariamente. Podíamos facilmente conceber pessoas que não tivessem esta relação com as imagens mencionadas. Por exemplo, pessoas que se sentissem repelidas por fotografias, porque para elas um rosto sem cor, talvez mesmo um rosto numa escala reduzida lhes parecia inumano.
92. Se eu agora digo: "Consideramos um retrato como sendo uma pessoa" – quando e por quanto tempo é que o fazemos? Sempre, quando de todo o vemos (e não o vemos como sendo uma outra coisa)?
Podia responder afirmativamente e assim determinar o conceito de considerar como um retrato. – A questão é se há também um outro conceito, relacionado com este, igualmente importante; nele ver uma coisa como sendo outra, só ocorre quando eu uso a imagem como objeto (o objeto que está representado).
(Ludwig Wittgenstein, Tratado lógico-filosófico - Invetigações filosóficas; tradução M.S. Lourenço. – Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987, p.560 e Hans-Johann Glock, Dicionário Wittgenstein; tradução Helena Martins – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998, p.222)
Foto: © Ben Richards (Ludwig Wittgenstein, Wales, País de Gales, 1947)
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2 comentários:
a culpa é sempre do leitor
=/
Por tudo isso, por isso mesmo.
Beij☺!
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