domingo, 29 de maio de 2011

Ademar Manarini


Membro do Foto Cine Clube Bandeirante de São Paulo e participante da Escola Paulista na década de 1950, Ademar Manarini (1920-1989), no início influenciado por Geraldo de Barros, realizou experiências construtivas por meio de fotogramas, superposições de negativos e viragens, revelando linhas e formas dentro do limite do abstrato. Na sua primeira fase fez estudos com retratos, nos quais o uso do contraste intensifica a expressividade, como destaca Paulo Herkenhoff: "Os retratos e imagens com fundo social revelam bem a intenção de Manarini em chegar ao valor real da sublimação artística e nem tanto à simples apresentação de fatos. Alguns desses trabalhos foram denominados rembrandtianos, pela concentração de luz focalizando as figuras diante de um fundo totalmente escuro."


"Manarini foi industrial de sucesso nos ramos de pesca, biotecnologia e agropecuária, e em função de atividades nestas áreas passou a usar a fotografia para registro de plantas." As fotos de folhas com suas nervuras nos limites cromáticos da escala entre preto e branco ou contraluz criam jogos de percepção. Em um segundo momento, a cor entra em seu trabalho como o elemento essencial nas fotos de orquídeas. No final da década de 70, retomou a fotografia como atividade artística, produzindo a partir de intervenções no processo fotográfico, com dupla exposição, com sombras e reflexos, explorando a cor e a textura. Ademar Manarini foi considerado um dos 90 melhores fotógrafos brasileiros, pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. No prefácio do livro de Manarini, a admiração do designer Freddy Van Camp: "Sua obra de mais de cinco mil imagens, que me é bem conhecida, ainda me surpreende a cada dia (...). As imagens não constantes deste livro precisam ser mostradas a um público maior e que espero seja atingido, como eu fui, por sua fotografia."
(Ademar Manarini: fotografia / organizador Freddy Van Camp; textos, Wolfgang Pfeiffer, Paulo Herkenhoff, Heládio Brito. – Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1992).
Fotos: © Ademar Manarini (Passeio, c.1952 e fotograma de folha trazida por seu filho Ademar Heitor Manarini Filho, c.1952)
A Freddy Van Camp, meus agradecimentos pelo belo presente.

2 comentários:

Luis Eme disse...

pensei que a primeira foto fosse um palco...

bonito jogo de luzes.

Meg Rodrigues disse...

Um estudo de luz e sombra. É portanto difícil que um simples post ou uma explicação técnica deem conta do impacto que a sua obra produziu.