segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ernesto Sabato


"Supondo-se possível a reprodução fiel do mundo externo, não vejo o porquê dessa inútil duplicação. Muitos se propõem a esse desatinado ofício de papel carbono com tanta fúria como ineficácia, por ignorar que o homem é um papel carbono que empresta à realidade externa sua própria cor." Espelho de Stendhal, de Ernesto Sabato (1911-2011), trecho extraído de seu primeiro livro "O universo de Sabato", publicado em 1945. Desde essa época, vários fatos sucederam na vida de Sabato. Tornou-se um dos maiores escritores da Argentina e do Continente, presidindo a Comissão encarregada de averiguar os crimes cometidos pela repressão militar na Argentina, apresentados no relatório "Nunca Mais".  Sabato entregou-se a tarefa e foi duramente criticado por Jorge Luis Borges, algumas vezes seu amigo, quase sempre seu oponente: "Não sei por que se meteu nisto (Conadep). É muito estranho. Escolheu esse melancólico destino de inquisidor. Ser obrigado a ler acusações é uma coisa horrível". Segunda a escritora e roterista Aída Bortnik: "Ele mudou sua expressão, não porque estivesse feliz pelo trabalho, era uma dor constante, mas tinha a sensação de estar fazendo algo que era muito importante e devia ser feito" (em O Globo, por Janaína Figueiredo). Ernesto Sabato foi fotografado em diversas ocasiões na França e na Argentina, por Daniel Mordzinski, correspondente dos jornais El Pais, El Periodico e da agência EFE.
(Ernesto Sabato, Nós e o universo; tradução Janer Cristaldo. - Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1985, p.37 e Carlos R. Stortini, Dicionário de Borges; tradução Vera Mourão.- Rio de Janeiro:  Editora Bertrand Brasil, 1990, p.187).
Fotos: © Daniel Mordzinski (Ernesto Sabato, Rua Raspail, Paris, 1993)
Link: (www.danielmordzinski.com )
Fotografias gentilmente cedidas. Todos os direitos reservados a Daniel Mordzinski.

Um comentário:

Meg Rodrigues disse...

"Só há que ter medo da estupidez humana".