O cortejo fúnebre do líder egípcio Gamal Abdel Nasser (1918-1970) percorreu oito quilômetros através do Cairo até o seu local de sepultamento, uma mesquita. Cinco milhões de pessoas estavam nas ruas, derrubando todas as barreiras avançavam formando uma nuvem de poeira. Carros blindados abriram caminho, enquanto os homens da guarda usavam chicotes, varas, coronhas dos rifles e até as suas botas para conter aqueles que se aproximavam do caixão. Sem escolta necessária de modo a garantir a segurança da comitiva, convidados de honra e repórteres foram obrigados a se retirarem, refugiando-se em hotéis. No meio de todo aquele pandemônio, o fotógrafo Fred Ihrt subiu no teto de uma ambulância para não ser esmagado pela multidão, ao mesmo tempo, deu a ele a oportunidade de registrar o evento. Mais tarde, Ihrt descobriu que havia uma possibilidade para conseguir finalmente chegar à mesquita, seguindo por um trajeto oposto, cujas ruas estariam completamente desertas. Cerca de 10 mil soldados isolaram o local da cerimônia onde o caixão do presidente baixou no túmulo sem bandeiras, registrado por câmeras de televisão, um fotógrafo oficial e Fred Ihrt com parte do seu equipamento danificado. Ihrt foi o único membro da imprensa internacional a fotografar junto ao túmulo de Nasser. Durante o cortejo, 48 pessoas morreram pisoteadas e milhares ficaram feridos.
(Dokumentarfotografie, Folkwangschule, Essen, 1972)
Fotos: © Fred Ihrt (Funeral de Gamal Abdel Nasser, Cairo, Egito, 1970)
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