quinta-feira, 14 de julho de 2011

Horrores da guerra



Volto ao livro "Uma história da leitura", de Alberto Manguel. Na sequência dos textos, reprodução de duas fotografias emblemáticas. Em 10 de maio de 1933, em Berlim, diante das câmeras, o ministro de propaganda do regime nazista Joseph Goebbels discursou durante a queima de mais de 20 mil livros para uma multidão entusiasmada de cerca de 100 mil pessoas. "Uma fotografia tirada em 1940, durante o bombardeio de Londres na Segunda Guerra Mundial, mostra os restos de uma biblioteca desmoronada. Pelo teto destruído veem-se prédios fantasmagóricos do lado de fora, e, no centro da peça, há uma pilha de vigas e móveis em pedaços. Mas as estantes na parede ficaram firmes e os livros parecem inteiros. Três homens encontram-se no meio dos destroços: um, como se hesitasse sobre qual livro escolher, está aparentemente lendo os títulos nas lombadas; outro, de óculos, está pegando um volume; o terceiro está lendo, segurando um livro aberto nas mãos. Eles não estão dando as costas para a guerra, nem ignorando a destruição. Não estão escolhendo livros em vez da vida lá fora. Estão tentando persistir contra as adversidades óbvias; estão afirmando um direito comum de perguntar; estão tentado encontrar uma vez mais - entre as ruínas, no reconhecimento surpreendente que a leitura às vezes concede - uma compreensão."
(Alberto Manguel, Uma história da leitura; tradução Pedro Maia Soares. - São Paulo: Companhia das Letras, 1997)
Fotos: © Hulton-Deutsch Collections/ Corbis (Nazistas queimam livros, Berlim, 10 de maio de 1933 / leitores na biblioteca da Holland House, Londres, 1940)

2 comentários:

Nuno Sousa disse...

"procurando a compreensão" é uma leitura muito bela da segunda foto. os que queimam os livros estavam como que querendo ocultar a compreensão da barbarie que estavam cometendo.

Meg Rodrigues disse...

Queimaram os livros de Zola, Hemingway, Freud, Steinbeck, Marx, Proust, Einstein, H.G. Wells, Thomas Mann, Berthold Brecht entre centenas de outros autores.