Saul Leiter (1923-2013) nasceu em Pittsburgh e estudou teologia em Cleveland. Aos 23 anos, ele abandonou a teologia para seguir carreira como pintor em Nova York. A chegada de Leiter a Nova York provocou mudanças imediatas em seu trabalho, ele logo tomou conhecimento do movimento expressionista abstrato — visitando exposições de Mark Rothko (1903-1970), com quem fez amizade. No final dos anos 40 começou a fotografar por influência do artista plástico e fotógrafo Richard Pousette-Dart (1916-1992). Outras influências, como a obra de Henri Cartier-Bresson (1908-2004), o pioneiro na fotografia de rua, inspiraram o jovem Leiter a dedicar-se profissionalmente à fotografia, mas raramente representam trabalhos fotográficos. Leiter colocou tudo no centro, ao contrário de Cartier-Bresson que equilibrava uma coisa à esquerda com uma coisa à direita. Suas melhores fotos em preto e branco foram produzidas quase sem nenhuma técnica composicional. Leiter desenvolveu uma grande admiração pelos mestres da fotografia na França, mencionando Nègre, Nadar, Atget e Julia Margaret Cameron. Sua lista de fotógrafos notáveis inclui também os trabalhos de Jacob Riis, Lewis Hine e Irving Penn. Leiter dedicou igual atenção tanto à pintura, escultura e desenho, quanto à fotografia. Seu conhecimento em arte aliava-se a uma intensa curiosidade sobre os livros da extraordinária biblioteca de seu pai, um rabino com a firme convicção que fotografia era praticada por "vagabundos". "Minha família ficou muito triste por eu ter me tornado um fotógrafo — disse Leiter em uma entrevista de 2009 —, profundamente triste." No início da década de 1950, ele mostrou seu portfólio a Edward Steichen (1879-1973), o então diretor do departamento de fotografia do Museum of Modern Art de Nova York, e cinco fotos em preto e branco de Leiter foram incluídas na exposição coletiva intitulada Always the Young Strangers (Sempre os Jovens Estranhos), em 1953. O fotojornalista W. Eugene Smith (1918-1978) o apresentou a Alexey Brodovitch (1898-1971), o lendário diretor de arte da Harper's Bazaar, iniciando assim sua carreira como fotógrafo de moda, e colaborou para diversas revistas, como a Vogue e Esquire. A partir dos anos 60 dedicou-se à fotografia publicitária e aos projetos pessoais.
Saul Leiter marcou um novo tipo de fotografia de rua, principalmente sua obra produzida em East Village em Manhattan. "Ele aplicou uma mentalidade pictórica que o mundo da fotografia não tinha visto", disse a assistente do fotógrafo e diretora da Fundação Saul Leiter, Margit Erb (New York Times, 27 de novembro de 2013).
Leiter e Diane Arbus (1923-1971) moravam na mesma rua (10th Street, East Village), e com frequência a ajudava com suas tarefas como levar a roupa para lavar quando Arbus teve hepatite. Quando ele perguntou a Arbus se poderia fotografá-la, ela lhe respondeu: "Não teria medo de ser fotografada por você." Mais tarde, Arbus comentou com Leiter que gostaria de ver o mundo como ele realmente é e Leiter retrucou que não seria muito bom para seu trabalho já que possuía uma visão própria e especial.
Em 1948, Leiter trocou os filmes em preto e branco pelos coloridos. Ele obtinha cores suaves de filmes vencidos, ou usava filmes mais baratos e imprevisíveis de empresas desconhecidas para criar sua própria paleta de cores. Fotos: © Saul Leiter Estate, Cortesia Howard Greenberg Gallery (Rain, Nova York, c. 1940 / Diane Arbus em seu apartamento, 2 de novembro de 1970) / (Early Black and White, introdução por Martin Harrison, Steidl / Howard Greenberg Library, 2014 / Steve Crist, Contact Sheet, AMMO Books, 2012)
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