sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Saul Leiter


Saul Leiter (1923-2013) nasceu em Pittsburgh e estudou teologia em Cleveland. Aos 23 anos, ele abandonou a teologia para seguir carreira como pintor em Nova York. A chegada de Leiter a Nova York provocou mudanças imediatas em seu trabalho, ele logo tomou conhecimento do movimento expressionista abstrato  visitando exposições de Mark Rothko (1903-1970), com quem fez amizade. No final dos anos 40 começou a fotografar por influência do artista plástico e fotógrafo Richard Pousette-Dart (1916-1992). Outras influências, como a obra de Henri Cartier-Bresson (1908-2004), o pioneiro na fotografia de rua, inspiraram o jovem Leiter a dedicar-se profissionalmente à fotografia, mas raramente representam trabalhos fotográficos. Leiter colocou tudo no centro, ao contrário de Cartier-Bresson que equilibrava uma coisa à esquerda com uma coisa à direita. Suas melhores fotos em preto e branco foram produzidas quase sem nenhuma técnica composicional. Leiter desenvolveu uma grande admiração pelos mestres da fotografia na França, mencionando Nègre, Nadar, Atget e Julia Margaret Cameron. Sua lista de fotógrafos notáveis inclui também os trabalhos de Jacob Riis, Lewis Hine e Irving Penn. Leiter dedicou igual atenção tanto à pintura, escultura e desenho, quanto à fotografia. Seu conhecimento em arte aliava-se a uma intensa curiosidade sobre os livros da extraordinária biblioteca de seu pai, um rabino com a firme convicção que fotografia era praticada por "vagabundos". "Minha família ficou muito triste por eu ter me tornado um fotógrafo  disse Leiter em uma entrevista de 2009 —, profundamente triste." No início da década de 1950, ele mostrou seu portfólio a Edward Steichen (1879-1973), o então diretor do departamento de fotografia do Museum of Modern Art de Nova York, e cinco fotos em preto e branco de Leiter foram incluídas na exposição coletiva intitulada Always the Young Strangers (Sempre os Jovens Estranhos), em 1953. O fotojornalista W. Eugene Smith (1918-1978) o apresentou a Alexey Brodovitch (1898-1971), o lendário diretor de arte da Harper's Bazaar, iniciando assim sua carreira como fotógrafo de moda, e colaborou para diversas revistas, como a Vogue e Esquire. A partir dos anos 60 dedicou-se à fotografia publicitária e aos projetos pessoais. 


Saul Leiter marcou um novo tipo de fotografia de rua, principalmente sua obra produzida em East Village em Manhattan. "Ele aplicou uma mentalidade pictórica que o mundo da fotografia não tinha visto", disse a assistente do fotógrafo e diretora da Fundação Saul Leiter, Margit Erb (New York Times, 27 de novembro de 2013). 
Leiter e Diane Arbus (1923-1971) moravam na mesma rua (10th Street, East Village), e com frequência a ajudava com suas tarefas como levar a roupa para lavar quando Arbus teve hepatite. Quando ele perguntou a Arbus se poderia fotografá-la, ela lhe respondeu: "Não teria medo de ser fotografada por você." Mais tarde, Arbus comentou com Leiter que gostaria de ver o mundo como ele realmente é e Leiter retrucou que não seria muito bom para seu trabalho já que possuía uma visão própria e especial.
Em 1948, Leiter trocou os filmes em preto e branco pelos coloridos. Ele obtinha cores suaves de filmes vencidos, ou usava filmes mais baratos e imprevisíveis de empresas desconhecidas para criar sua própria paleta de cores. 
Fotos: © Saul Leiter Estate, Cortesia Howard Greenberg Gallery (Rain, Nova York, c. 1940 / Diane Arbus em seu apartamento, 2 de novembro de 1970) / (Early Black and White, introdução por Martin Harrison, Steidl / Howard Greenberg Library, 2014 / Steve Crist, Contact Sheet, AMMO Books, 2012)
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