sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Modos de fazer mundos

"Uma senhora esquimó, que não falava nem compreendia uma palavra de inglês, ganhou uma vez uma viagem de graça para os Estados Unidos e mais US$ 500, desde que acompanhasse um defunto que estava sendo remetido para a América para ser sepultado. Ela aceitou. Depois de chegar, ela observou e percebeu que as pessoas que entravam na estação da estrada de ferro deixavam a cidade e ela nunca mais as via. Obviamente, elas viajavam para outro lugar. Ela observou também que, antes de partir, elas se dirigiam ao guichê de bilhetes. Ela ficou na fila, ouviu cuidadosamente o que dizia a pessoa em frente dela ao vendedor, repetiu a mesma coisa, e viajou para onde essa pessoa ia. Dessa forma ela andou pelo país, de uma cidade para outra. Depois de algum tempo, seu dinheiro estava acabando, e ela decidiu fixar-se na cidade seguinte. Mas quando ela chegou a essa decisão, estava numa pequena cidade, de onde ninguém estava partindo naquele dia. Ela aprendera um pouquinho de inglês, assim, finalmente, ela foi ao guichê de bilhetes e disse ao homem: "Para onde o senhor iria se fosse para algum lugar?" Ele nomeou uma pequena cidade de Ohio, onde ela vive até hoje."
John Cage (De segunda a um ano, 1985).
O fotógrafo produz suas imagens - sempre prevendo a visão do espectador, ele constrói a pluralidade de mundos. Através da fotografia de Robert Frank, viajamos até Nova Orleans, em 1955.
Foto: © Robert Frank (The Americans)

2 comentários:

margarida já muito desfolhada disse...

o que aqui vi, o que aqui foi dito, impressionou-me prtofundamente...

Meg Rodrigues disse...

Legal, mais uma florzinha...
Margarida,
Seja bem-vinda!

Um grande abraço