quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Fotoestética

(...) "Em princípio, a fotografia se distingue pelo fato de que a cada ponto da superfície-imagem corresponde um ponto que lhe é exterior. (...) Toda fotografia exibe - "por si própria" - um sistema de coincidências, e como se sabe, sobre estas coincidências repousa em última análise a possibilidade de experiência do mundo real. (...) Esta limitação artística da informação estética da fotografia espelha-se no fato de que, sempre que a fotografia proporciona efetivamente o belo artístico, ela o faz como belo artístico generalizado no sentido de forma e estrutura, ou, em termos hegelianos, como "eco" de uma beleza escolhida da natureza ou de um belo artístico escolhido. Enquanto que a pintura não possui necessariamente um problema do mundo exterior, podendo ser uma representação ou imitação de mundos possíveis, não meramente reais, a fotografia, em princípio, tem sempre que lidar com um "problema do mundo exterior". Existe sempre um mínimo, pelo menos um mínimo desse mundo exterior na fotografia; absoluta abolição do mundo lhe é impossível. (...) Será talvez a consciência desse fato que nos dá a impressão de que a novidade e a originalidade de uma informação estética, em síntese: sua surpreendente inovação, estão mais próximas, como princípio, na pintura do que na fotografia."
© Max Bense (Pequena Estética, 1971)
Foto: © André Kertész

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