quarta-feira, 15 de abril de 2009

O "reconhecimento"

"Em filosofia usa-se o termo "ilusão" principalmente em relação à questão sobre se os sentidos enganam ou não. A distinção estabelecida pelos filósofos gregos entre "realidade" e "aparência" está baseada, em parte, na desconfiança da percepção sensorial. O "mundo da aparência" é o "mundo da ilusão". O conceito de "ilusão" está ligado ao de "aparência", no sentido de ver: as coisas "aparecem" de modo distinto daquele como realmente são." José Ferrater Mora (Dicionário de filosofia, Tradução Roberto Leal Ferreira e Álvaro Cabral, Martins Fontes, 2001), Em fotografia estamos sempre procurando a relação entre a imagem e a realidade que ela supostamente representa. Jacques Aumont (A imagem, 1993) analisa os seus efeitos: "Nosso hábito profundamente arraigado de ver quase sempre imagens fortemente analógicas costuma fazer com que apreciemos mal o fenômeno da analogia, ao relacioná-lo de modo inconsciente a um tipo de ideal, de absoluto, que é a semelhança perfeita entre a imagem e seu modelo." (...) A imagem fotográfica tem uma essência, que é ser uma "alucinação verdadeira", "embalsamar" e "revelar" o real em todos os seus aspectos, inclusive temporais. É pois a encarnação de uma semelhança ideal, apta a satisfazer a necessidade de ilusão mágica que está no fundo de todo desejo de analogia." É fundamental não confundir, mesmo que sejam conexas, as noções de ilusão, de representação e de realismo. "A ilusão não é a finalidade da imagem. É, no fundo, um dos problemas centrais: em que medida a representação visa ser confundida com o que representa?"
Foto: © Dai Sugano (http://www.daisugano.net/)

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