quinta-feira, 9 de abril de 2009

Parafraseando Sábato

"Alguém me pede uma explicação da teoria de Einstein. Com muito entusiasmo, falo de tensores e geodésicas tetradimensionais.
- Não entendi uma única palavra - me diz, estupefato.
Reflito um instante e logo, com menos entusiasmo, dou uma explicação menos técnica, conservando algumas geodésicas, mas fazendo intervir aviadores e disparos de revólver.
- Já entendi quase tudo - diz meu amigo, com bastante alegria. - Mas há algo que ainda não entendo: essas geodésicas, essas coordenadas...
Deprimido, mergulho em uma longa concentração mental e acabo por abandonar para sempre as geodésicas e as coordenadas; com verdadeira ferocidade, me dedico exclusivamente a aviadores que fumam enquanto viajam à velocidade da luz, a chefes de estação que disparam um revólver com a mão direita e verificam tempos com um cronômetro que têm na mão esquerda, a trens, sinos e vermes de quatro dimensões.
- Agora sim, agora entendi a relatividade! - exclama meu amigo com alegria.
- Sim - respondo amargamente -, mas agora não é mais a relatividade." Ernesto Sábato (Nós e o universo, tradução Janer Cristaldo, Ed. Francisco Alves, 1985).
A fotografia não é simplesmente uma imagem, é considerada como obra intelectual, e como tal está protegida por Lei. Mesmo que ninguém tenha me perguntado -, não, não é correto reproduzir e divulgar fotos sem o crédito do fotógrafo (Lei dos Direitos Autorais ou Código dos Direitos de Autor). O ato de fotografar inclui também o ato de sua contemplação, seja qual for o objeto que represente, em toda a sua superfície e extensão -, e repito com muito entusiasmo - o crédito é obrigatório em qualquer mídia. A fotografia é memória de um indivíduo, não de uma máquina.

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