"No museu em que Elliott Erwitt tirou esta fotografia, por exemplo, inúmeros visitantes viram ou teriam visto exatamente o que ele viu, não fosse pelo catálogo que lhes dizia terem diante de si interessantes obras de vários períodos dos pintores X, Y e Z, além das de dois mestres anônimos. Diante de uma contradição entre o que vê e o que interpreta, o indivíduo prefere não tomar conhecimento do que está enxergando. Nenhum mecanismo inventado até hoje registra os fatos visuais com a clareza da fotografia. A falha constante do sistema está em registrar os fatos errados: não aquilo que sabíamos estar presente, mas aquilo que aparentava estar presente. Há muito tempo que os teóricos reconhecem este calcanhar de Aquiles da fotografia, a qual se referem como "precisão fotográfica superficial" ou "naturalismo de superfície". (exposição Modos de Olhar: fotografias do MoMA - Museum of Modern Art, Nova York, 1999).
Foto: © Elliott Erwitt (Veneza, 1965)
Um comentário:
Parabéns pelo texto!
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