terça-feira, 28 de julho de 2009

Brassaï: surrealismo

A partir de 1930, Brassaï começa a fotografar os seus objetos encontrados e sucatas, tais como um bilhete de metrô dobrado, um pedaço de papel amassado e outros objetos incomuns. Ao usar o close-up, Brassaï capturou formas inesperadas, intituladas de Sculptures involontaires, que representavam a sobra descartável da cidade moderna. Essas fotografias foram publicadas em Minotaure em 1933, do lado oposto ao artigo de Salvador Dalí sobre o tema De la beauté terrificante et comestible (da beleza horrível e comestível), e em outras páginas da mesma revista, suas fotos dos Graffitis Parisienses. Brassaï chamou a atenção dos surrealistas e suas fotografias das esculturas realizadas por Hector Guimard, para ornamentar as grades do metrô de Paris, são publicadas no número 3, para ilustrar um outro artigo de Dalí ao "Estilo Moderno". As associações de ideias visuais se abrem a outra significação da realidade. Dalí comparava, por analogia, a arquitetura da "ondulação convulsiva" de Gaudí, com as fotografias feitas por Brassaï das esculturas art nouveau de Guimard. E havia um paralelo adicional encontrado na "escultura histérica" de Gaudí, cujas cabeças femininas mostravam o "êxtase erótico". Os detalhes de esculturas remetem ao interesse dos surrealistas pela histeria, saudada como a maior descoberta poética do século XX. (Jean-Claude Gautrand, Brassaï Paris, Taschen, e Briony Fer, Realismo, Racionalismo, Surrealismo, A arte no entre-guerras, Tradução Cristina Fino, Cosac Naify, 1998).
Fotos: © Brassaï (Graffiti, c.1933 e "Come-me", 1933)

Um comentário:

Teleobjetiva disse...

Gosto muito de Brassai e não conhecia este trabalho dele. Valeu a referência. Abraço!