sexta-feira, 10 de julho de 2009

Marc Garanger: mulheres argelinas

Muitos conhecem a história dessas imagens, a "situação fotográfica extrema" de onde nasceram: "Em 1960 o exército francês na Argélia decidiu constituir uma ficha sistemática de cada autóctone dotando-a de uma carteira de identidade francesa, Marc Garanger viu-se na obrigação de fazer desfilar diante de sua pequena câmera escura cerca de duzentas pessoas por dia. Entre a população havia evidentemente grande número de mulheres argelinas, que o dispositivo obrigava a baixar o véu diante da objetiva. Terrível desnudamento dos rostos de mulher, desprezando todas as tradições locais. Em suma, toda a violência e a cegueira do colonialismo. E, contudo, quando olhamos essas fotos de mulheres argelinas sem véu, temos de convir: jamais o menor sinal de vergonha, de fuga ou de derrota. Ao contrário, só a certeza, a força tranquila, o brilho inabalável. (...) Não apenas assumem plenamente o olhar que o ocupante faz pesar sobre elas, mas sobretudo, elas no-lo mandam de volta, elas devolvem-no a ele (a nós) mesmo (s)." Philippe Dubois (O ato fotográfico, Tradução Marina Appenzeller, Papirus Editora, 2006).
Foto: © Marc Garanger

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