Fotografar o mundo à sua volta, não a realidade física em si, mas as impressões que a forma real provoca. Assim João Menna Barreto demonstra um grande interesse pelo modo como coisas distintas se opõem umas às outras. Em "Crônicas visuais": a cidade e o bairro, o empresário e o trabalhador, a multidão e o homem solitário se encontrando em seus limites, numa espécie de harmonia de opostos. João Menna Barreto não adota um discurso complicado sobre o trabalho documental. Da mesma maneira, referindo-se ao começo de tudo: "A fotografia surgiu na minha vida sem grandes planos, sem grandes intenções. Anos atrás, era ativista de uma organização política e tinha por tarefa fazer a arte final de panfletos, cartazes, etc. E um grande problema eram sempre as fotos: não havia fotos para se usar, ou algumas eram muito ruins. Daí comecei a tomar a iniciativa de sempre fotografar as atividades, de produzir fotos especialmente para ilustrar discussões específicas. Carregava uma câmera digital bem simples (essas de bolso que todo mundo tem hoje em dia) e sempre clicava os protestos, as reuniões. Não sei precisar quando ou porque, exatamente, comecei a fotografar outras coisas que não o estritamente útil à atividade política".
"Depois comecei a ser mais sistemático em fotografar as coisas que me agradavam por algum motivo qualquer, mas ainda era uma fotografia não-reflexiva, banalmente declarativa. Foi no início de 2009 que resolvi estudar fotografia (sempre por conta própria), que comecei a amadurecer um pouquinho, desenvolver alguma reflexão sobre os atos. E desde então fotografar vem me acompanhando. No momento, estou trabalhado numa série chamada 'Saturno nos trópicos', que é um depoimento sobre o que seria a melancolia brasileira. Os primeiros resultados desse esforço já têm sido divulgados, tem dois polípticos que esse ano estiveram em exposição em Belém, no Museu da UFPA".
Fotos: © João Menna Barreto (Braga, 2009 / Porto Alegre, 2010 / "Farkiana" l, Porto Alegre, 2010) Links: http://www.joaomennabarreto.com.br/) (Vimeo : "Saturno nos trópicos") (Flickr: "Vejo tudo e não morro").
Fotografias gentilmente cedidas. Todos os direitos reservados a João Menna Barreto.
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