Esquire: Papai Noel negro

No início dos anos de 1960, Martin Luther King (1929-1968) se afirma como líder da luta pela igualdade de direitos entre negros e brancos nos Estados Unidos. Época de crescentes conflitos raciais, quando o diretor de arte George Lois teve a ideia do primeiro Papai Noel negro, e o campeão mundial dos pesos pesados Sonny Liston (1932-1970), em sua opinião, era a figura perfeita. Foi Joe Louis, conselheiro e ídolo de Liston, quem convence o pugilista mal-humorado a posar para a foto. A maioria das capas de George Lois para a revista Esquire, produzidas de 1962 a 1971, foi realizada em parceria com o fotógrafo Carl Fischer. Segundo Lois, um profissional competente e atento a um sem-número de detalhes não planejados e imprevistos. Na tentativa de fazer as coisas de modo mais prático, Lois e Fischer voam para Las Vegas e alugam um quarto de hotel para o ensaio. Tudo pronto para a fotografia, mas Liston não conseguia ficar parado e desapareceu inesperadamente, atraído pelas mesas de jogos no salão do hotel. Nessa altura, foi preciso que Joe Louis o puxasse pela orelha levando o gigante de volta ao quarto. George Lois conta que o inferno começou de verdade quando a revista foi publicada. Os anunciantes debandaram, os assinantes exigiram restituição e cartas furiosas ao editor da Esquire, Harold Hayes. O fato é que, entre as cartas, um breve comentário de um professor de História da Arte no Hunter College, definiu o conceito da revista nos anos seguintes. Dizia: “Uma das maiores demonstrações no contexto social das artes plásticas desde Guernica de Picasso”. Ho, ho, ho.
É então com esse espírito de igualdade que desejo a todos vocês um bom Natal!
(The arts of advertising: George Lois on mass communication, George Lois e Bill Pitts / Harry N. Abrams: Nova York, 1977).
Reproduções: "We're dreaming of a black Christmas", Ebony magazine, 1968, Design Herb Lubalin / Foto: Irv Bahrt e Esquire magazine, dezembro, 1963 / Design George Lois / Foto: Carl Fischer / original com impressão a quatro cores)