domingo, 2 de janeiro de 2011

Bruce Mau: La jetée

Durante seis anos, o designer Bruce Mau tentou convencer o diretor Chris Marker a produzir uma versão em livro de seu clássico filme de ficção científica, La jetée (1962), composto inteiramente de fotografias. Na primeira tentativa, Marker insistiu que não tinha interesse. Em seguida, e por princípio, alegou que não podia ser feito. Mas Bruce Mau não desistiu e, finalmente, Chris Marker concordou com a ideia da edição, no entanto, não permitiu que as fotos originais fossem despachadas a partir de Paris, exigindo que alguém as levasse pessoalmente. Um representante da Editora Zone fez exatamente isso, ao retornar a Toronto, com a preciosa carga. Segundo Mau, a versão do filme para o livro seria muito fácil, apenas uma questão de colocar as imagens em sequência: “Eu não poderia ter sido mais ingênuo ou equivocado. A narrativa cinematográfica é fundamentalmente diferente da narrativa impressa, sendo necessário um estudo gráfico e preciso para reproduzir os efeitos do filme”. Fotografias selecionadas, Bruce Mau envia layout do livro para aprovação. O resultado foi um casamento perfeito entre imagem e texto, que se completavam na imaginação. Poucos dias depois, recebe um fax de Marker: "Seu trabalho em Jetée é surpreendentemente bonito. Se você mantiver esse ritmo ao longo da história, aprovo totalmente sua abordagem”. Bruce Mau inicia o projeto do livro, mas logo percebeu que faltava um segmento: “Enviamos uma mensagem para Marker: É possível que algumas imagens estejam faltando? Destruídas? Ainda em Paris?” Vários dias depois, Bruce Mau conta que, estava casualmente lendo seus e-mails enquanto falava ao telefone: “Um envelope aéreo frágil atravessou a mesa. Sem pensar, abri apressadamente a correspondência. Para minha surpresa, continha os originais preciosos que faltavam, e uma única observação, fornecida na parte de trás do envelope: “As fotos, por favor, não dobrar”.
(Bruce Mau, Life Style, Phaidon, 2000)
Reproduções: Fotos: © Chris Marker / Design: Bruce Mau (Zone Books, 2008)

2 comentários:

Rafo Barbosa disse...

Um filme não é um livro.
Um livro não é um filme.

Mas eles se encontram por aí, entre designers. Um experimento interessante: cinema redux de Brendan Dawes

Meg Rodrigues disse...

Oi, Rafo

Sem dúvida. Olivro sobre um filme composto inteiramente de fotografias, estimula a leitura das cenas, sem jamais participar autenticamente delas.
Obrigada por me apresentar o projeto de Brendan Dawes. É bem interessante a leitura contínua, na horizontal.