quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Baron Wolman: Rolling Stone
"A súbita explosão de uma nova forma de expressão", Marshall McLuhan referindo-se ao movimento underground dos anos 60, especialmente em São Francisco, que ultrapassou as fronteiras da música e adotou valores culturais e posições políticas alternativas, fora dos padrões sociais convencionais ou contra eles.
No final da década de 1960, Baron Wolman vivia no distrito Haight-Asbury em São Francisco, ganhando a vida como fotojornalista, trabalhando para qualquer um que lhe pagasse para tirar fotos. Em abril de 1967, o Mills College, em Oakland, Califórnia, um de seus clientes regulares, organizou um simpósio sobre rock 'n' roll. Nesse evento, o jovem jornalista Jann Wenner o convidou para se juntar à equipe como fotógrafo de uma revista, ainda sem nome, e, em caso afirmativo, se ele teria 10 mil dólares para investir.
A Rolling Stone nasceu de uma ideia de Jann Wenner e Ralph Gleason, de que era hora de lançar uma publicação profissional sobre música enfatizando a crítica e a análise no lugar dos artigos sobre negócios da indústria musical, tão comuns ao gênero. O primeiro número da revista foi publicado em 9 de novembro de 1967. Na capa havia o logo desenhado a mão criado pelo designer Rick Griffin e uma foto de John Lennon no filme Que delícia de guerra. No miolo, o primeiro trabalho de Wolman para a revista, uma coletânia de fotos do Grateful Dead, sendo que algumas delas tinham sido proibidas, por alegação de envolvimento com maconha. Wolman fotografou os músicos pagando fiança e mais tarde posando nos degraus de sua casa na Rua Ashbury, 710, depois de uma memorável coletiva de imprensa em que os membros da banda explicavam seu posicionamento frente à prisão. Nos três anos em que fez parte da equipe da Rolling Stone, Wolman tinha consciência de estar participando de algo novo, destinado ao sucesso: "Tínhamos uma liberdade que, naquela época, os jornalistas desconheciam - fossem eles escritores ou fotógrafos -, uma liberdade para escrever e fotografar como quiséssemos, de sermos excêntricos, irônicos e irreverentes". Todavia, poucos teriam imaginado que a revista Rolling Stone ainda estaria sendo publicada após todas as outras revistas da contracultura do rock terem fechado as portas. Da mesma maneira, sem pensar jamais no valor que essas fotos teriam décadas mais tarde. Wolman testemunhou os acontecimentos mais importantes de uma geração de músicos - um retrato honesto, poderoso e simples de Jimi Hendrix, Frank Zappa, Janis Joplin, Eric Clapton, Miles Davis, Bob Dylan, entre outros. Captou imagens marcantes em Woodstock (1969), um festival que se tornou emblemático de uma época.
"A fotografia de Baron abriu as portas para incontáveis pessoas que, inspiradas por suas fotografias, decidiram pegar uma câmera e elas mesmas fotografarem os músicos", explica Dave Brolan em texto de apresentação do livro de Wolman, Every Picture Tells a Story…The Rolling Stone Years (Omnibus Press, 2011). "Ele fez as escolhas com olhar de águia para os momentos que o comoviam e agora nos comovem, em filmes que rodou em sua câmera há aproximadamente 40 anos. Aqui estão elas, ainda frescas, ainda vivas, graças a Wolman", escreveu Tony Lane, concordando com a observação de Jerry Hopkins. "Eu digo que ele ainda vende sonhos".
Fotos: © Sylvia Johnson (o fotógrafo Baron Wolman e, ao fundo, foto de Jimi Hendrix, São Francisco, 1968) e © Baron Wolman (Frank Zappa, Laurel Canyon, Los Angeles, 1968)
Cortesia do fotógrafo. Todos os direitos reservados.
(Os anos da Rolling Stone: cada foto conta uma história/ Baron Wolman; tradução Rosalia Munhoz. - São Paulo: Madras, 2012)
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3 comentários:
Blog muito interessante para quem gosta verdadeiramente de saber mais sobre fotografia e fotógrafos! Muito obrigado pela partilha.Conto regressar muitas vezes por estas paragens.
Obrigada.
E já adicionei este aos meus favoritos também; é sempre bom saber mais.
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