Gregory Heisler ganhou prêmios importantes, como o Prêmio Alfred Eisenstaedt e Leica Medal of Excellence, e é conhecido por seus retratos e ensaios publicados nas revistas Life, Esquire, Geo, The New York Magazine, entre outras. Atuou no campo da publicidade para clientes como American Express, Benson & Hedges, Dewar's, Merrill Lynch, Nike e Zocor.
O seu livro Gregory Heisler: 50 Portraits: Stories and Techniques from a Photographer's Photographer, apresenta uma coletânea de retratos de atores, atletas, líderes políticos e outras personalidades que fotografou em quatro décadas de profissão. O livro traz ainda histórias sobre as imagens, descrevendo em detalhes a complexidade de cada momento e as técnicas que usou — ele desmistifica a arte do retrato. O hábito da leitura e a coleção de livros de fotografia constituem um dos interesses de sua vida. E, por isso mesmo o livro de Heisler é uma referência importante para uma nova geração também ansiosa por livros de fotografia e muita informação.
O retrato de Luis Sarría (1911-1991) integra a série de fotos encomendas por Cathy Mather, editora de fotografia da revista Sports Illustrated, para acompanhar um artigo de Gary Smith, um perfil dos sete profissionais próximos de Muhammad Ali no auge de sua carreira. Sarría nasceu em Cumanayagua, Cuba. Trabalhou como engraxate e nos campos de tabaco. Aos treze anos tornou-se boxeador. Sarría era um bom pugilista, mas o boxe não pagava sequer suas refeições. Em 1943, era o melhor preparador físico de Cuba. Quando Fidel aboliu a prática do esporte, após a revolução em 1959, ele então decide que era a hora de deixar a ilha. Amigo de Angelo Dundee, surgiu a oportunidade de trabalho na famosa 5th Street Gym, em Miami. Lá conheceu Muhammad Ali, que contratou-o para fazer parte de sua equipe como massagista. Sarría aprendeu algumas palavras em inglês. Eles se comunicavam através de sinais.
No dia agendado para a sessão de fotos, Heisler e sua assistente, Monica, foram informados pela esposa de Sarría de que ele não estava se sentindo bem, e envergonhado por sua aparência. Sarría havia contraído uma infecção e seu lábio estava terrivelmente inchado.
Como artista e indivíduo criativo, cada projeto desencadeia de antemão uma série de perguntas: equipamento, iluminação, enquadramento, e assim por diante. No entanto, ali era preciso ajustar-se às exigências e às tomadas de decisão. Para o fotógrafo, retratos derivam justamente daí — da negociação silenciosa. Sarría concorda em se mostrar na varanda da sua casa. Esconde-se fingindo não se esconder. Num gesto instintivo, leva as mãos ao rosto.
Há vários tipos de retratos. Alguns destacam um momento perspicaz; outros capturam um gesto revelador. Alguns são apenas intrigantes mapas do rosto, enquanto outros parecem alcançar debaixo da superfície. O modelo não quer enfrentar a realidade, para o fotógrafo, é tudo que existe, diz.
Heisler é um orador requisitado por diversas instituições de museus e de ensino. Ele construiu uma obra que não se baseia apenas em suas experiências individuais, ela abrange também todo o aprendizado nas suas relações com outros profissionais.
A primeira vez que vi a fotografia de Gregory Heisler de Luis Sarría, tratava-se de uma campanha publicitária da Kodak para fotógrafos profissionais, lançada em 1989, e reproduzida no livro Designs for Corporate Image (V + K Publishing, 1994).
No livro Quando a fotografia é genial (Gustavo Gili, 2014), a professora de História e Cultura da Fotografia Val Williams destaca que, uma boa fotografia é mais do que a soma daquilo que trazemos para ela. Ela depende da capacidade do fotógrafo de compor o quadro e utilizar o equipamento mais adequado para cada tipo de fotografia. Seu sucesso também tem a ver com o ângulo de visão, a interação com o assunto e a intenção. Uma fotografia é bem-sucedida, acima de tudo, quando nos lembramos dela.
Foto / Cortesia de © Gregory Heisler (Luis Sarría, Miami, Flórida, 1988. Todos os direitos reservados ao fotógrafo. Gregory Heisler: 50 Portraits: Stories and Techniques from a Photographer's Photographer, com prefácio do ex-prefeito de Nova York Michael R. Bloomberg, Amphoto Books, 2013. Link Gregory Heisler) / (Biografia de Luis Sarría por Enrique Encinosa em The Cyber Boxing Zone)
2 comentários:
Peço desculpas por qualquer erro. Foi uma verdadeira batalha com o editor de texto. Fiquei preocupada com a grafia de Sarría que virou Sorria, Sarna, e no final deixei passar muita coisa.
Trabalhos excelentes.
Rodolfo
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