sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Fotografia e fetichismo

Em 1933, Man Ray produziu uma série de fotografias de chapéus para acompanhar o artigo "Sobre um certo automatismo do gosto", de Tristan Tzara. A imagem do chapéu vista de cima, em ângulo oblíquo, isola o objeto de seu contexto, assim, as dobras e fendas, através de suas formas, substituem os orgãos genitais femininos. Os surrealistas utilizavam a substituição como um mecanismo característico do fetichismo, deslocando o foco obsessivo para o objeto de desejo. A diferença crucial no Surrealismo era que a sexualidade e o desejo eram fundamentais no processo de desvio da realidade. Para Brassaï (1898 -1984), por exemplo, em sua série de nus, o foco está no dorso de um corpo fotografado de um modo que torna ambíguas as categorias de "masculino" e "feminino", com um corpo de mulher representado como uma forma fálica. O comprometimento do surrealismo era basicamente com a própria linguagem fotográfica, na busca de novas formas de representação.
© Briony Fer (Objetos do desejo)
Foto: © Brassai

Nenhum comentário: