quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O chapéu de Weegee

"Weegee (Usher Fellig, 1899 - 1968) abandonara os estudos aos quatorze anos para ajudar a manter a família. Em 1914, com quinze, deixou o lar paterno e passou a viver de biscates (entre os quais tocar violino num cinema na Terceira Avenida). Durante parte desse tempo, ele foi um sem-teto, cujas tragédias e dramas se tornariam sua especialidade na década de 1940. Ao mesmo tempo explorando e identificando-se com as pessoas que fotografava, dedicou-se a captar lucrativamente suas vidas em close-up e com flash. Weegee era um homem com tino comercial que trabalhava infatigavelmente para manter sua reputação como fotógrafo-rei do submundo de Nova York. No filme noir e nas fotos feitas por Weegee em cenas de crimes, as pessoas se distinguiam pelo sinistro ar de anonimato que o chapéu confere a quem o usa. Já farto de ver Weegee "vendendo a mesma fotografia" durante anos, um editor o censurou: "Até onde vejo, é o mesmo bandido morto e o mesmo chapéu cinzento caído na calçada".
© Geoff Dyer (The ongoing moment, 2005)
Foto: autor desconhecido (Weegee em seu apartamento)

2 comentários:

A Respigadeira disse...

Ja reparaste que os grandes fotógrafos, os "mestres", carregam uma história tão profunda e tão insólita. Eu penso que o olhar de um fotógrafo é fruto da intensidade com que vivenciou os momentos da sua vida.

Beijinhos

Meg Rodrigues disse...

É verdade, eles evidenciam a cada imagem uma experiência própria. Por mais abstrata que seja uma fotografia ela não deixa de revelar o artista que interpreta o mundo à sua maneira.

Beijos