quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Euclides da Cunha: poema-postal

Dedicatória (1905)

Euclides da Cunha (1866-1909)

Se acaso uma alma se fotografasse
de sorte que, nos mesmos negativos,
A mesma luz pusesse em traços vivos
O nosso coração e a nossa face;

E os nossos ideais, e os mais cativos
De nossos sonhos... Se a emoção que nasce
Em nós, também nas chapas se gravasse
Mesmo em ligeiros traços fugitivos;

Amigo! tu terias com certeza
A mais completa e insólita surpresa
Notando - deste grupo bem no meio -

Que o mais belo, o mais forte, o mais ardente
Destes sujeitos é precisamente
O mais triste, o mais pálido, o mais feio.

Foto: autor desconhecido, Euclides (ao centro) em comissão de exploração do Alto Purus, no Acre, 1905. 

Um comentário:

Teleobjetiva disse...

Adorei o poema e a foto!