Dedicatória (1905)
Euclides da Cunha (1866-1909)
Se acaso uma alma se fotografasse
de sorte que, nos mesmos negativos,
A mesma luz pusesse em traços vivos
O nosso coração e a nossa face;
E os nossos ideais, e os mais cativos
De nossos sonhos... Se a emoção que nasce
Em nós, também nas chapas se gravasse
Mesmo em ligeiros traços fugitivos;
Amigo! tu terias com certeza
A mais completa e insólita surpresa
Notando - deste grupo bem no meio -
Que o mais belo, o mais forte, o mais ardente
Destes sujeitos é precisamente
O mais triste, o mais pálido, o mais feio.
Foto: autor desconhecido, Euclides (ao centro) em comissão de exploração do Alto Purus, no Acre, 1905.
Um comentário:
Adorei o poema e a foto!
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