terça-feira, 20 de abril de 2010

Pão, fotografia e circo

Jacques Aumont, professor na Universidade de Paris, em seu livro "A imagem", resalta a "importância social das imagens, de sua multiplicação aparentemente infinita, de sua intensa circulação e de sua pregnância ideológica." Nesse livro, Aumont ensinou-me a aprender, entre outras coisas, o que é ver uma imagem e de sua relação variável no tempo: "Se uma imagem que, por si própria, não existe em modo temporal pode entretanto trasmitir uma sensação de tempo, é porque o espectador nela coloca algo de seu e acrescenta alguma coisa à imagem." E mais: "Por qualquer ângulo que seja considerado, o prazer da imagem é sempre, em última instância, o prazer de ter acrescentado um objeto aos objetos do mundo."
Por outro lado, é relativamente complicado escrever alguma coisa a respeito da circulação das fotografias na web, muitas das vezes, fora da própria percepção ligada à imagem ou em o quanto valores e atitudes mudaram ao longo do tempo. Posts são copiados e reproduzidos em meio aos anúncios do Google AdSense, em seus motivos - multiplicar imagens, ou em seus resultados - multiplicar seus lucros.
A imagem / Jacques Aumont; tradução Estela dos Santos Abreu. Campinas, SP: Papirus, 1993. - (Ofício de arte e forma).
Foto: © Elliott Erwitt

10 comentários:

Teleobjetiva disse...

Adorei a foto e o texto também. Não lembro de ter lido o livro. Uma boa dica. Abraço!

Meg Rodrigues disse...

Obrigada, Til.
Acompanho e leio os seus posts.

Livro: Tesemunha ocular, Peter Burke (Professor de História Cultural na Universidade de Cambridge, casado com uma brasileira), revisado por Daniel Aarão Reis Filho. Muito bom!

Outra dica: O culto do amador, Andrew Keen (vários artigos na web): "Internet não é um bom lugar para o debate, porque as pessoas se aproximam só de quem pensa como elas."

Abraços

Anônimo disse...

estou a adorar este blog...muito bom, muito bom Meg, que sorte em o encontrar!.....estou a ler este livro, é um tema que cada vez mais me fscina

mariis

Nuno Sousa disse...

Olá Meg!

"Se uma imagem que, por si própria, não existe em modo temporal pode entretanto trasmitir uma sensação de tempo, é porque o espectador nela coloca algo de seu e acrescenta alguma coisa à imagem."

Isto diz tudo do peso da subjectividade na avaliação/apreciação de uma fotografia.

parabéns pela qualidade dos seus posts.

Meg Rodrigues disse...

Mariis,

Obrigada e seja bem-vinda!
Você trabalha com artes plásticas, fotografia ou cinema?



Olá, Nuno

Você tem toda razão, não é uma propriedade da fotografia ou dos objetos, são nossas impressões individuais.
Muito obrigada pelas suas palavras. E veja só, inventaram uma nova linguagem baseada em imagens em vez de palavras, e aqui estou eu, recorrendo às palavras para explicar as imagens.

Lina Savle disse...

vc que escreve tão bem sobre os grandes e famosos olhares, aceita minha sugestão?

Escreve sobre Francesca Woodman? Ficaria tão contente em ler algo sobre ela aqui.


Abraços,
Lina
http://www.flickr.com/photos/lina_savle

Meg Rodrigues disse...

Aceito, sim. Obrigada por tudo, Lina.
Woodman produziu muita coisa em tão curto tempo, é incrível. O rascunho do post está pronto faz tempo, mas incompleto. Na verdade, estou em dívida com meus "postais amigos", aproveito para pedir desculpas a todos.
Vi suas fotos(em especial, transeunte desconfiado e mariposa), parabéns!

Abraços

Z disse...

You have an amazing blog! Can you add translate option so I can read too. Please :):):)

Eliseu Raphael Venturi disse...

excelente blog, meus cumprimentos!

Meg Rodrigues disse...

Olá, Eliseu

Obrigada.
Gostei muito do seu trabalho de produção dadaísta. Alguns fotógrafos participaram do movimento: Man Ray e Alfred Stieglitz.
Abraços